quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

. A ( incômoda) felicidade

Observo de fora e vejo o quão incômoda pode ser a felicidade de outros para alguns.

Uns reclamam, outros esperneiam, outros tantos fazem olhares de desdém e fofoca.

Dica? Indiferença.

Está pra existir um sentimento que mais corroa por dentro e mate os invejosos, mal amados e reclamões.

Sentimento cruel e venenoso como as mentes e línguas que destilam suas infelicidades por aí.

Morrem pela boca, sofrem nas pequenezas, juntam-se aos iguais e discutem o pó.

Duvidam até do nada.

Enquanto se afogam no lodo e se auto-destroem como pragas corrosivas, os felizes continuam como sempre.

Suspensos em outro plano, alheios à tão pouca coisa, eles permanecem como deveriam:


Felizes.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

. Sinuosidade permanente

Minha ação é silenciosa, minhas pegadas quase que invisíveis.
Digito seu nome e me vem uma avalanche de lembranças.
Olho em volta e não acho o teu cheiro, nem a sua sutil silhueta.
Falo de você, mas como boa egocêntrica que sou, quero falar de mim.
Falo de mim por você.
As palavras um dia já foram mais claras. As letras mais fortes, em negrito.
O meu sentimento já foi mais profundo.
Mas, conforme a carta que envelhece, os momentos que passam, os presentes que ficam, assim como eles, o meu sentimento se esvaiu.
Foi-se com você. Não reconheço mais você. Não mais me reconheço.
Me perdi nas suas linhas agora fracas, mas que ainda assim deixaram fortes marcas.
O contorno da ferida permanece. O desenho em alto relevo cravou mais fundo.
Foi até um pequeno espaço da minha alma que eu não via mais.
Aliás, há muito eu não enxergo. Só sinto. A visão eu tranquei junto com os odores característicos de um momento que não volta mais.
Falo de você para falar de mim, e ainda assim não consigo não deixar de falar de você.
Você.

domingo, 31 de janeiro de 2010

. Conexões

Tentei te ouvir. Ouvir aquele seu pranto que só eu conseguia ouvir. Era como se tivéssemos uma frequência de rádio só nossa, uma linha de pensamento que se atraía mutamente. Às vezes, ainda acho que te ouço, algumas vezes tenho certeza de que você está gritando, berrando alto e forte em meus ouvidos.
Conexão metafísica? Energia cruzada?
Qual seria a razão para sempre lembrar-me de você?
Apesar de todos os pesares, a conexão que existia entre nós, nunca foi rompida. Uma bela rasteira do destino. Foi-se você, com todas as suas manias, suas reflexões, angústias, com todos os seus sorrisos. E lágrimas também.
Mas o[(maldito (?)] link permaneceu.
Seria mais fácil que todas as nossas afinidades tivessem partido quando você partiu.
Mas como sempre, a ironia resolveu aparecer para tirar uma casquinha do momento.
Ela adora pregar uma peça na gente. Tudo bem. Decidi desistir de lutar. Agora eu me aliei à ela. Prefiro rir de todas essas situações ao invés de tentar me desvencilhar desses sinais em vão.
Aprendi a conviver com esses lampejos de você. Esses chamados silenciosos, que só eu posso ouvir.
A conexão nunca foi perdida. Nem nunca será.
Tal qual a ironia que nos mantém unidos, você ri daí e eu rio daqui. E assim mantemos o contato que sempre tivemos. Just like that.