quarta-feira, 23 de junho de 2010

. Sinuosidade permanente

Minha ação é silenciosa, minhas pegadas quase que invisíveis.
Digito seu nome e me vem uma avalanche de lembranças.
Olho em volta e não acho o teu cheiro, nem a sua sutil silhueta.
Falo de você, mas como boa egocêntrica que sou, quero falar de mim.
Falo de mim por você.
As palavras um dia já foram mais claras. As letras mais fortes, em negrito.
O meu sentimento já foi mais profundo.
Mas, conforme a carta que envelhece, os momentos que passam, os presentes que ficam, assim como eles, o meu sentimento se esvaiu.
Foi-se com você. Não reconheço mais você. Não mais me reconheço.
Me perdi nas suas linhas agora fracas, mas que ainda assim deixaram fortes marcas.
O contorno da ferida permanece. O desenho em alto relevo cravou mais fundo.
Foi até um pequeno espaço da minha alma que eu não via mais.
Aliás, há muito eu não enxergo. Só sinto. A visão eu tranquei junto com os odores característicos de um momento que não volta mais.
Falo de você para falar de mim, e ainda assim não consigo não deixar de falar de você.
Você.